'A vida de Chuck' adapta bonito conto de Stephen King com ternura e verborragia; g1 já viu

  • 04/09/2025
(Foto: Reprodução)
Com ternura e otimismo, "A vida de Chuck" é uma das melhores adaptações de uma história do renomado escritor Stephen King dos últimos anos. Ao mesmo tempo, talvez por medo de se afastar demais do belo conto original de mesmo nome, também exagera nas narrações – uma escolha que o afasta da máxima do cinema "mostre, não conte". No filme que estreia nesta quinta-feira (4) no Brasil, o diretor Mike Flanagan emprega a mesma habilidade narrativa das boas séries de terror pelas quais é conhecido, como "A maldição da residência Hill" e "Missa da meia-noite". Dessa vez, no entanto, troca os sustos e as sombras por uma narrativa mais humana, cheia de dança e música e questionamentos sobre a vida, o universo e tudo mais. Com um bom elenco encabeçado por Chiwetel Ejiofor ("12 anos de escravidão") e Tom Hiddleston ("Loki"), e a participação de antigo parceiros de suas criações, falta ao cineasta e roteirista apenas um tanto de ousadia para adaptar toda a filosofia da escrita de King em uma linguagem mais cinematográfica. É como se Flanagan se esquecesse que às vezes o maior respeito à obra original é "desrespeitá-la" o suficiente para traduzir seu verdadeiro espírito em filme. Pelo menos foi o suficiente para ganhar o prêmio do público do Festival de Toronto em 2024, o que aumenta suas chances no Oscar. Afinal, todos os vencedores do evento são lembrados pela Academia de Hollywood em sua principal categoria desde 2013. Assista ao trailer de 'A vida de Chuck' Do fim do mundo à vida de Chuck Assim como no conto, publicado no livro "Com sangue", "A vida de Chuck" é dividido em três partes apresentadas em ordem cronológica inversa. A primeira, e melhor delas, acompanha um professor apático (Ejiofor) diante do inevitável (e literal) fim do mundo e intrigado pelas propagandas onipresentes que agradecem a um desconhecido "Chuck" por 39 ótimos anos. As duas seguintes explicam um pouco o enigma, costurado com a existência à primeira vista mundana do personagem do título – de um contador de meia-idade (Hiddleston) à juventude (entre os três garotos que o interpretam em momentos distintos estão Cody Flanagan, filho do diretor, e Jacob Tremblay, de "O quarto de Jack"). Rosto mais conhecido do elenco, não dá para dizer que Hiddleston receba carga emocional o suficiente para carregar a narrativa. Por mais que estrele uma sequência de dança digna dos melhores musicais, ao lado de Annalise Basso ("Capitão Fantástico"). A bela atuação de Ejiofor – e dos outros personagens em diferentes estágios do luto, como de Karen Gillan ("Guardiões da Galáxia") – funciona melhor como âncora afetiva. Mas talvez seja apenas uma sensação provocada pela separação maior de sua história, a primeira apresentada, do resto da narrativa. Carl Lumbly e Chiwetel Ejiofor em cena de 'A vida de Chuck' Divulgação Falação demais A força das atuações – e beleza da trama – é enfraquecida pelas frequentes narrações (da voz sempre agradável de Nick Offerman, de "Parks and recreation"), que parecem ler direto do livro. É papel do roteirista encontrar instrumentos para traduzir pensamentos escritos pelo autor em uma linguagem acessível ao espectador. O próprio King o faz diversas vezes no próprio conto, ao se afastar da perspectiva do personagem e deixá-lo manifestar suas emoções no diálogo. A narração é um sinal gritante do quanto Flanagan sofre com essa adaptação. Mais do que as infames "muletas narrativas", em "A vida de Chuck" ela parece mais uma deferência exagerada pela obra original. No fim, nem mesmo Offerman consegue evitar que longas sequências fiquem maçantes e, pior, repetitivas. Tom Hiddleston em cena de 'A vida de Chuck' Divulgação O melhor do rei Aos 77 anos, Stephen King continua um dos escritores mais prolíficos que existem e já existiram. Mais notável ainda é que suas publicações parecem ser superadas apenas pelo número de adaptações de suas obras para outras mídias – um mistério digno de alguma de suas histórias. Mas talvez incrível mesmo seja que, com tantos filmes baseados em seu trabalho focado em sua grande maioria no terror ou no suspense, as melhores adaptações sejam de livros ou contos de gêneros mais leves. Aconteceu com "Conte comigo" (1986) e com "Um sonho de liberdade" (1994), ambos tirados do livro de quatro contos "Quatro estações", de 1982. "A vida de Chuck" faz parte de outro livro também com quatro contos, publicado quase 40 (ótimos) anos depois. Coincidência ou não, o filme chega perto de se juntar aos outros dois. Ironicamente, bastaria ter deixado a voz do autor um pouco para trás. Cartela resenha crítica g1 g1

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/g1-ja-viu/noticia/2025/09/04/a-vida-de-chuck-adapta-bonito-conto-de-stephen-king-com-ternura-e-verborragia-g1-ja-viu.ghtml


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